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Psicologia

O que é Terapia

Muitas pessoas sentem vergonha de ir ao psicólogo, têm medo do que os outros possam pensar ou acham que terapia é algo para pessoas "desequilibradas" e "loucas". È o mito de que terapia é pra malucos.

Damos uma topada na pedra e o dedo dói; alguém sente que a garganta dói; a indigestão faz doer o estômago. Mas onde dói uma decepção? Onde dói o sentir-se perseguido? E o sentir-se culpado? E a falta de amor? E o sentir-se abandonado? E a falta de sentido? Onde dói a incerteza? E, o saber da precariedade de tudo, onde dói? Só os humanos sentem essas dores. Talvez alguém diga que, ao mexer nessas dores, a terapia vai machucar mais. Isso acontece mesmo. Mas elas afloram exatamente porque aquele que busca a terapia sabe que aquilo que o faz sofrer cabe naquele espaço. Ninguém vai lhe dizer: bobagem sofrer por causa disso.

Quem procura a terapia, obviamente, é porque de alguma forma está sofrendo, porque algo não está dando certo, porque as suas referências e as suas verdades foram colocadas em xeque. Querem alternativas, soluções, respostas. Pessoas que até então nos eram totalmente desconhecidas, passam a nos falar sobre o que escondem, o que preferem manter em oculto, muitas vezes de si mesmo – dúvidas, angústias, medos, arrependimentos, alegrias, traições, raiva e amores, sonhos e desilusões, esperanças e temores, culpa e vontade de ser melhor, sentimentos diversos que passam a ser compartilhados.

É claro que quem busca a terapia tem com quem conversar entre as pessoas com quem convive, mas ele reserva certas coisas para, como dizíamos antigamente, conversar com seus botões ou travesseiro. São essas conversas que cabem na terapia; ali uma pessoa ouve e acolhe suas palavras sem julgamentos.

Diante do que já foi exposto, afirmo que Terapia é:

1- Oportunidade de o paciente poder olhar, de novo, o que já foi vivido e passou – ou não passou -, para o que é vivido agora, e autenticar tudo como sendo dele, como sendo ele;
2- Ocasião de ver que essa é a vida que se realizou, Que foi esse o caminho percorrido – mas é um caminho que continua e, o mais importante, pode ir em direções diferentes;
3- A chance de alguém perceber que não lhe compete mudar os outros; que não compete aos outros tomar a iniciativa para resolver os problemas que são dele, e que a obrigação de cuidar da sua vida é primeiramente dele, é a chance de perceber que ele deve isso a ele mesmo;
4- Possibilidade de dirigir um olhar diferente para a própria existência e, assim reformular significados;
5- Cuidar da existência que sofre;
6- Ocasião de ouvir a própria voz a dizer coisas que, uma vez ditas, encorpadas na voz, são acolhidas por ouvidos humanos.
7- O lugar onde se pode ouvir a própria resposta à pergunta inevitável: o que tem valor pra mim?

Em que momento se inicia a terapia?

A terapia se inicia no momento em que aquele que buscou a terapia confiou no terapeuta como possibilitador do espaço ou da condição em que o mundo dele pôde ser aberto, aproximado, olhado de perto; ali na sala ele falou do medo que sentiu tantas vezes ou do medo que nunca se permitiu sentir; do quanto ele tem imposto tarefas e esforços para ter sucesso, do quanto ele precisa competir; do amor que não recebeu, do amor que não sabe dar, de como se sente capaz de fazer algum estrago na sua vida ou na dos outros, de como ele não quer isso; dos seus sonhos, tanto aqueles que morreram como aqueles que teima em continuar. A terapia começou na hora em que o terapeuta entrou na vida dele, e se tornou para ele aquele outro – e como é necessário o outro! – que o espera a cada sessão para recolher, com ele, pedaços de sua história: pedaços que estavam esquecidos, dispersos, diminuídos, aumentados, e que, ao serem recolhidos, formam um desenho que vai ganhando sentido e que ele pode reconhecer como sua vida. O que faz valer a pena esta relação terapêutica está exatamente na profundidade desse encontro único e que, graças a sua singularidade, se torna tão dramaticamente rico.

José Valdevino
Terapeuta de casais

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