“Conheça seu cônjuge no divórcio, seus irmãos no inventário, seus filhos na velhice, seus amigos nas dificuldades”
Essa é uma verdade que precisamos encarar. Conhecemos mais profundamente nosso cônjuge, quando decidimos nos separar. A forma como reage, como se posiciona, se aceita ou não o rompimento, se nos culpa, nos julga, ou se torna nosso amigo.
No momento da separação, de dividir o que precisa ser dividido, com justiça e honestidade, nos deparamos com a verdade a respeito da pessoa com quem se conviveu por um período de tempo.
Não são todos os relacionamentos que acabam em brigas e discussões. Há aqueles em que os ex-companheiros encaram como fim de um ciclo e uma oportunidade de recomeço. Esses são exceções.
O mais comum é que o término venha carregado de mágoas, rancores, decepções, frustrações. É duro aceitar que a pessoa que, durante um certo tempo de convivência, era amável, generosa, solidária, companheira, parceira, depois do rompimento, passa a tratar o outro com frieza, indiferença, grosseria, querendo apagar lembranças da história, inclusive de coisas boas, que ocorreram enquanto casal, inclusive no compartilhamento de intimidades e segredos.
A partir daí, a pior versão é exteriorizada. E ela vem impregnada de egoísmo, ganância, desejo de vingança. E para demonstrar o poder dessa pior versão, um dos caminhos é denegrir a imagem do outro para amigos, familiares e para outras pessoas que nada têm a ver com o casal se utilizando das redes sociais.
E quando têm filhos??
Aí a situação fica mais complicada. Surge uma verdadeira guerra de versões, de narrativas, cada um tentando trazer os filhos para seu lado, isolando-os do algoz e aproximando-os da vítima. E o que puder ser feito para dificultar o contato dos filhos, será feito. Não conseguem entender que agindo assim causam transtornos psicológicos e sentimentos de culpa, inclusive por parte dos filhos.
Aconteça o que acontecer os pais nunca deixaram de ser pais. Mas por que isso acontece, por que as pessoas se transformam?
Normalmente, aquele que decidiu separar faz aflorar no outro, sentimentos negativos adormecidos como o de abandono, de inferioridade, de insuficiência.
Todos nós temos nossos “monstros” internos. Além disso, é comum que “verdades” venham à tona após o término de um casamento. Muitas traições, desvios de conduta e comportamentos inadequados são escondidos, silenciados, dentro do convívio do casal para a manutenção do casamento, ou por ganhos secundários.
Com a separação e sem essas “amarras”, quando esse acordo do silêncio se rompe, aquilo que fazia calar já não existe mais.
Não é raro após separações desequilibradas ocorrerem tragédias, como suicídios, de filhos inclusive.
Mais importante do que como se iniciou um relacionamento é a forma como
findou.
A Terapia de casais é um excelente recursos para auxiliar os envolvidos no
momento tão difícil que é uma separação.
José Valdevino
Terapeuta de Casais